Perda de peso repentina, queda de cabelo e uma tristeza profunda. Após conviver quase dois anos com o quadro de depressão, Valdeci Souza Aragão, 53 anos, encontrou a ajuda que precisava.
O olhar sensível da assistente social, Karla Guedes, que percebeu a mudança de comportamento da dona de casa que é paciente do Multicentro Vale das Pedrinhas, em Salvador, fez toda a diferença.
“Notei que ela estava muito abatida e como se tratava de uma pessoa que tínhamos uma certa convivência no posto, acabei oferecendo ajuda. Ela desabafou e acabou confessando que não enxergava mais sentido na vida. Logo depois, conseguimos encaminhá-la para um serviço de saúde especializado no acompanhamento psicológico e hoje ela está bem melhor”, comemorou Karla Guedes.
Infelizmente, a história de dona Valdeci é uma exceção. Dados das Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que nove a cada dez suicídios poderiam ser evitados. Com o objetivo de sensibilizar sobre a prevenção ao suicídio e quebrar os tabus que envolvem o tema, o Multicentro Vale das Pedinhas – unidade ambulatorial administrada pelo Instituto Saúde e Cidadania (ISAC), na capital baiana – promoveu uma palestra voltada para os pacientes cadastrados e colaboradores do serviço. A iniciativa faz parte das ações do Setembro Amarelo na unidade.
Para a psicóloga, Geórgia Fernandes, o silêncio é o maior inimigo no enfrentamento ao suicídio. “A primeira coisa que devemos fazer é falar sobre o assunto e entender que a dor que a pessoa está sentindo envolve três sentimentos: desespero, desamparo e desesperança. Então, precisamos ajudar essa pessoa a passar por isso com muito diálogo e empatia”, destacou.
Mesmo não sendo uma unidade com o perfil de acolhimento psicológico, os protocolos assistenciais baseados no Jeito ISAC de Cuidar permitem que as equipes multidisciplinares do posto possam identificar e auxiliar no encaminhamento de pessoas em situação de vulnerabilidade para o tratamento.
“Capacitamos nossos colaboradores para que eles tenham um olhar mais humanizado em relação ao cuidado com o paciente. Não somos uma unidade com perfil de atendimento em saúde mental, mas isso não impede de identificarmos e, conjuntamente com a equipe de Assistência Social, buscarmos um auxílio especializado para essas pessoas que necessitam desse cuidado”, pontuou Kamyla Bastos, gestora dos contratos ISAC em Salvador.
“Só tenho a agradecer a todos da unidade. Eu não sabia mais o que fazer por isso agarrei a ajuda que me deram com as duas mãos e não larguei mais”, celebrou dona Valdeci.